27 de novembro de 2009

O Sus que temos e SUS que remos



Fonte: Jornal Opinião Socialista
Dados: Áquilas Mendes, Presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde


O SUS QUE TEMOS....


São 20 anos de implementação do Sistema Único da Saúde. E ainda é necessário debater o SUS que temos e o que queremos!
Discutir sobre a saúde pública no Brasil, implica em tocar em um tema muito mais complexo, que trata a realidade de cada trabalhador, jovem, criança, mulheres e idosos desse país. Trata-se das conseqüências que o capitalismo provoca na forma de viver e adoecer da população brasileira.


É necessário entender que o atendimento que temos nos serviços públicos de saúde é um tema/problema político em qualquer país do mundo. Aqui temos o SUS, resultado de intensos processos de lutas dos trabalhadores na década de 80, garantido na constituição de 1988. A proposta do SUS é ser um sistema com obrigação de atender TODOS os habitantes do Brasil, e isso não foi uma concessão da classe dominante aqui instalada, mas pura e simplesmente uma conquista arrancada através da luta encabeçada pelo MOVIMENTO PELA REFORMA SANITÁRIA, que idealizou um sistema baseado em 3 princípios fundamentais:
UNIVERSALIDADE – Direito de todos


EQUIDADE – Cada um deve ser tratado de acordo com suas particularidades


INTEGRIDADE – Tratar não apenas os sintomas da doença.


Conquistas e ataques
Ter um sistema de saúde pública do caráter que tem o SUS é de grande importância e uma grande conquista. Sobre essa importância, basta saber que os Estados Unidos, berço do imperialismo, até hoje não não garante universalidade. Lá são mais de 46 milhões de norte-americanos que não tem nenhuma cobertura de saúde.
No entanto há que se ressaltar que nem tudo são flores! As políticas dos governos liberais atacaram sucessivamente à conquista do SUS. E os ataques também seguiram no Governo Lula.
Esses ataques começaram desde o inicio, quando deixaram brechas na lei que criou o SUS para a iniciativa privada, logo... o SUS não poderia ser tão único assim.
Houveram e há ainda cortes de verbas progressivos. O Brasil gasta com a saúde pública 3% do PIB, metade do recomendado pela Organização Mundial de Saúde para países com saúde universalizada. No Rio Grande do Sul por exemplo, o estado destina apenas um quarto das verbas mínimas para a saúde. Dessa forma, as falhas no sistema ficam gritantes.
Mesmo assim, com o SUS foi possível construir verdadeiros patrimônios, que demonstram que se houvesse vontade política, organização e não desvio de verbas, o público pode ser muito melhor que o que é privado.
Para lembrar alguns exemplos de que é possível o público ser de qualidade:
Somos referência mundial em programa de tratamento contra AIDS. O programa de transplantes de órgãos é um dos maiores do mundo, temos programa de vacinação que já conseguiu erradicar diversas doenças. Distribuição gratuita de medicamentos de alto custo. Porém as falhas, do sistema crescem diariamente, as reclamações da população aumentam a insatisfação também.
Quando ocorre uma epidemia como a gripe H1N1, essas falhas ficam ainda mais notáveis. Vimos hospitais lotados, profissionais da saúde sem preparo para lidar com os casos, confusão por parte dos médicos para diagnosticar a doença, uma extrema dificuldade em conseguir o tamiflu, etc.
Mesmo assim o governo não se mobilizou para quebrar a patente do remédio, o que possibilitaria massificar sua produção e distribuí-lo gratuitamente a toda população. O Brasil é recordista em mortes por essa gripe, com mais 1.360 mortos em todo o país.


Portanto, diante dessa realidade difícil, não podemos nos calar enquanto o SUS sofre pelo descaso dos governos. Fazendo com que pessoas morram nas filas de espera por tratamentos adequados e garantidos pela lei. Não podemos continuar vendo pessoas morrerem dia após dia esperando cirurgias, tratamentos e esbarrando na burocracia para conseguir os medicamentos de alto custo que o governo já disponibiliza. Não podemos permitir que pessoas precisem sair dos seus estados para conseguir tratamento em centros especializados que só existem em pequenas quantidades nos principais estados do Sudeste e Sul do Brasil, como é o caso de centros especializados em cardiologia pediátrica e muitos outros.


O SUS QUE QUEREMOS...



  • O primeiros passo para fazer o SUS funcionar de fato é lutar para que o Brasil invista o dobro do que vem gastando em saúde pública e denunciar os desvios de verbas. Devemos defender a Universalidade, integridade e equidade do sistema de saúde


  • Por um sistema de saúde 100% estatal. A lógica de mercantilista de priorizar o lucro e terceirizar os serviços é incompatível com os princípios do SUS. 6% do PIB deve ser repassado para saúde pública


  • Devemos lutar por melhores salários aos profissionais de saúde e pela estabilidade no emprego.


  • Por investimentos prevenção e programas de combate as doenças.





Informações importantes:














Nenhum comentário:

Postar um comentário